Naquela manhã duvidosa


Naquela manhã duvidosa de tempestade, ela correu as cortinas abriu as janelas e deixou uma nesga de sol entrar. De fora o ar frio e húmido entrava e lentamente despertara-lhe os sentidos a compasso com o pêndulo do relógio da cozinha. Acordara com as emoções à flor da pele e com a mera convicção de que algo não fazia sentido. Enquanto pousou a chávena de café, guardou os pensamentos no bolso e fechou a janela. Não percebera nem queria tampouco entender como o mundo omitia tantas vezes uma identidade construída à pressa. Claramente, a natureza humana e as suas circunstâncias a cada um pertence. Ter consciência de, é ter valor de, enquanto um desafio será sempre um desafio. Ela fingira que não percebera, mas mais uma vez tudo se repetia. Prenúncio tão fácil de se fazer adivinhar ou pura intuição? Cara ou coroa, o resultado pouco importa. Afinal o que acabara de ler era como se fosse seu contado em entrelinhas desencontradas, pintadas sobre a mesma cor. 

Era uma manhã duvidosa...

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